Design de embalagens: qual a influência da Gestalt?

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Quem é da área de design sabe que conteúdos visuais devem ser funcionais para que atraiam a atenção do cliente e o levem a agir perante o call to action (CTA) da marca. Para isso, são aplicadas técnicas de percepção e emoção que surgiram a partir de análises de padrões de comportamento e de interpretações naturais do cérebro humano — e que levam a uma abordagem mais clara e eficaz.

Essas estratégias têm uma relação intrínseca com a Gestalt — uma teoria da psicologia que estuda como os seres humanos percebem as coisas. Segundo ela, nossa percepção não ocorre por pontos isolados, mas por uma visão do todo. Em outras palavras, a teoria se baseia na ideia de que o todo é mais do que a simples soma de suas partes.

Na hora de trabalhar no design de embalagens, os princípios da Gestalt podem ser bastante úteis. Neste post, mostraremos como essa teoria pode ajudar a criar uma embalagem harmoniosa e agradável aos olhos para fisgar o cliente. Confira!                                                  

O que é a Gestalt?

Criada pelo psicólogo tcheco Max Wertheimer, a Gestalt é uma teoria que começou como uma pesquisa de orientação, compreensão e interpretação da visão humana. Nosso cérebro utiliza parâmetros de leitura visual e é por isso que, ao vermos algo, agrupamos características semelhantes para interpretá-lo rapidamente.

Por isso, itens muito complexos são, inicialmente, processados com menos detalhes. Quando se vê a imagem de uma máquina de escrever, por exemplo, a primeira definição que vem à cabeça é do todo, não de um conjunto de teclas, engrenagens, peças de metal e papel.

Segundo a Gestalt, sempre que observamos um objeto, compreendemos primeiramente o que ele é e só depois notamos seus elementos separadamente. Esse é o princípio básico da teoria, a Lei da Pregnância, que se junta a outras sete premissas que, por estarem presentes no nosso dia a dia, são essenciais na criação.

Princípio 1: Lei da Pregnância (ou Boa Forma)

A pregnância é o grau de facilidade com que identificamos e compreendemos visualmente um objeto. Ela define com que rapidez esse item é percebido e assimilado, a eficiência da comunicação da mensagem enviada para o receptor, bem como o nível de dificuldade da interpretação de um item.

Princípio 2: Lei da Unidade

A unidade pode ser traduzida como a identificação do elemento de acordo com suas características — que podem ser sua cor, sua forma ou sua dimensão, por exemplo. É comum que elementos únicos se combinem para formar uma unidade maior.

Princípio 3: Lei da Segregação

Segundo esse princípio, o cérebro é capaz de diferenciar ou evidenciar objetos. Isso acontece em razão da variação de forma e estética de cada elemento em comparação aos demais. Assim, os estímulos visuais para cada unidade são diferentes.

Princípio 4: Lei da Proximidade

Elementos muito próximos uns dos outros são processados pelo cérebro como unidades. E mais: se eles forem semelhantes, reforçam ainda mais a leitura de um só objeto. Essa lei é muito usada na criação de identidades visuais e, geralmente, na forma de uma unidade sólida e criativa.

Princípio 5: Lei da Semelhança

O cérebro tende a agrupar itens semelhantes — seja em cor, seja em forma — como uma só unidade. Assim, objetos similares se unem aos olhos de quem os vê. Essa característica é usada, ainda, para criar formas a partir de outras formas.

Princípio 6: Lei da Unificação

Quando um objeto é formado por várias unidades, ele pode ser simétrico ou não. Um bom exemplo de unificação são as mandalas, que criam composições simétricas e agradáveis. Para conseguir esse efeito, elas usam também os princípios da semelhança e da proximidade.

Princípio 7: Lei da Continuidade

Nosso cérebro percebe o fluxo e a sequência dos elementos em uma linha de fluidez visual gradativa por meio de formas, linhas, cores, profundidades, planos e similares. A prioridade da continuidade é estabelecer a melhor forma possível para os olhos. Quando os elementos são vistos de modo ininterrupto, quer dizer que a continuidade é boa.

Princípio 8: Lei do Fechamento

Nosso cérebro tem a tendência de fechar ou concluir formas que enxergamos abertas ou inacabadas. Isso ocorre porque temos padrões em nossa mente que, ao se guiarem pela continuidade de uma forma, preveem toda a sua estrutura.

Como a Gestalt influencia o design de embalagens?

Um bom projeto de embalagem tem o objetivo de atrair a atenção dos consumidores. Nesse sentido, conhecer os princípios da Gestalt é essencial para poder usar os elementos de forma a criar um invólucro que se sobressaia em relação aos demais.

Pode ser pela pregnância, unidade, unificação, continuidade ou fechamento, por exemplo. Assim, diferentes sentimentos podem ser induzidos na mente do consumidor — de acordo com o que o designer planejou para aquele recipiente.

Confira, a seguir, alguns dos principais sentimentos que o design de embalagens pode despertar.

Harmonia

Isso acontece quando a embalagem desenvolvida é tão simétrica, balanceada e agradável que o cliente tem a tendência de admirá-la.

Desordem

Aqui, ocorre o oposto: justamente por ser fora do padrão que o cérebro usa como guia, uma embalagem pouco convencional atrai a atenção de quem a vê.

Lembrança

Memórias ou sensações podem vir à tona quando o consumidor tem contato com a embalagem, mesmo que ele nunca a tenha visto antes.

Curiosidade

Quando vemos um objeto que causa a sensação de falta ou omissão de algo, nosso cérebro tende a completar ou imaginar outro elemento que possa completá-lo.

A semiótica é uma ferramenta poderosa e, quando aplicada ao design de embalagens, comunica conceitos complexos de maneira simples — na identidade visual, no logotipo, no branding e assim por diante —, o que aumenta suas chances de sucesso.  

Com essa técnica, é possível criar um design mais assertivo e, assim, conquistar presença no mercado. Afinal, as técnicas de persuasão visual proporcionadas pelos princípios da Gestalt ajudam a elaborar composições autênticas e diferenciadas.

E você, costuma usar a Gestalt no design de embalagens para os seus produtos? Quer saber mais sobre esse e outros temas importantes? Então curta nossa página no Facebook e fique por dentro das novidades!

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